Natural de Curitiba, a cantora Betina não rotula um estilo para as suas músicas. As letras são compostas por ela, onde é possível identificar diversas sonoridades, que vão do dançante ao mais psicodélico melancólico.
Além de musicista, Betina também é ilustradora e cursou artes gráficas na faculdade. Com esse histórico, nós conseguimos perceber que a arte sempre esteve ligada em sua vida, seja através da música, desenho ou poesia.
Hoje a Betina representa o Mulheres na Música, onde vai contar sobre a sua carreira, conquistas e projetos.
Confira aqui:
Just Play! - Como foi o seu primeiro contato com a música?
Betina - Em casa. Meu pai teve banda antes de eu nascer então sempre tocou. Eu acompanhava suas músicas e gostos musicais. Sempre com seu violão cantarolando pela casa, eu cantava com ele e pedia algumas músicas da rádio que fugiam do gosto dele, mas ele sempre tirava elas pra mim.
Just Play! - Em que momento você decidiu que queria investir na sua carreira musical? Como foi esse processo?
Betina - Eu estava na faculdade quando os meus amigos me pediram pra subir num palco de um barzinho. Era um bar de “música autoral” e la comecei a sentir vontade de me envolver mais com composição e performance. Como a resposta em Curitiba foi sendo muito boa, e eu amando cada vez mais estar no palco, a vida acabou decidindo por mim.
Just Play! - A sua trajetória na música ainda é curta, mas cheia de acontecimentos. Qual foi o momento mais marcante na sua carreira? Por que?
Betina - Acredito que foi tocar no Circo Voador. Porque é um lugar carregado de história e foi muito significativo tocar lá abrindo para gigantes como Jards Macalé e Baby Consuelo.
Just Play! - Nós podemos observar que a cada trabalho seu, você se reinventa. Quais são as suas inspirações? Como é o seu processo de criação?
Betina - Ah, pra mim a arte tem haver com busca, com experimentação, então eu gosto sim de mudar de aceitar o novo (ou pelo menos o novo para mim). O processo não é linear. Eu revisito a música em vários momentos dela, chego a mudar melodias inteiras depois da música pronta. Eu deixo acontecer, vou fazendo o que a música pede. Às vezes trabalho nela 3 meses, às vezes um ano. É bem relativo.
Just Play! - A música "Cafuné" do primeiro álbum chamado "Carne de Sereia" ganhou o prêmio de melhor música no Festival de Bandas e Clipes em 2016. Você esperava por isso? Como foi ganhar essa premiação?
Betina - Foi bom demais! Realmente não esperava ganhar um prêmio logo no meu primeiro disco, então foi bem encorajador, adorei participar de um evento tão massa quanto aquele, com artistas tão incríveis.
Just Play! - Na sua opinião, como é a cena das mulheres na música atualmente? O que você acha que falta para melhorar?
Betina - Continua a existir aquele pé atrás da maioria dos caras com trampo das mulheres na música. Mas acho que tem melhorado muito, que a gente tem se unido mais e que as mulheres tem ocupado mais postos na música, facilitando assim o acesso das compositoras, técnicas do som, engenheiras de som, musicistas ao mercado. Acho que a construção da mulher desde criança traz um peso de insegurança que a maioria dos caras não tem (ou tem em menor proporção ) em relação ao seu próprio trabalho. Compreender isso é um grande passo pra se colocar nesse mundo de forma diferente. Eu vejo ainda muita lista, muito Line Up, em que a maioria esmagadora é de homens e às vezes isso passa batido, especialmente se as atrações são hypadas. Acho que ter essa preocupação de igualdade é responsabilidade dos contratantes e do público de cobrar eles também.
Just Play! - O que podemos esperar dos seus projetos futuros?
Betina - Da pra esperar eu mais envolvida no processo todo. Produção, vídeo, arte, foto. Tenho me sentido mais confortável em controlar todas as etapas. Estou mais que nunca imersa no "faça você mesmo".
Just Play! - Como você descreve a Betina artista?
Betina - Eu já respondi essa pergunta de um milhão de jeitos diferentes haha, então acho que não sou muito boa em me descrever, eu mudo muito a cada novo som, novo projeto, novo quadro, novo vídeo. Gosto quando meu trabalho fala por mim, prefiro que as pessoas através dele me digam quem sou.
Conheça o trabalho de Betina:
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