Diretamente de Araucária, Paraná, Thalita Arruda, conhecida artisticamente como Anis Estrelado tem uma mistura de estilos em suas composições, como o alternativo e o pop.
Se interessou por música desde nova, fez parte de bandas, mas só agora, recentemente, que ela começou a investir no projeto solo.
Hoje ela representa o “Mulheres na Música” e vai contar o início da carreira, influências, projetos e lançamentos.
Confira aqui:
Just Play! - Como a música entrou na sua vida e em que momento você decidiu seguir profissionalmente nesse meio?
Anis - Quando eu tinha mais ou menos uns 10 anos, descobri um violão velho em casa, que pertencia a minha mãe. Fiquei fissurada nele, passava horas brincando com os sons, até que meus pais perceberam que eu tinha jeito, e meu pai encontrou um amigo que me deu aulas de violão por um tempo. Depois disso, eu vi o filme “Escola de Rock” e fiquei mais obcecada ainda com música. Por sorte, na minha cidade natal (Araucária – PR) existem vários cursos gratuitos de música e arte, e isso me deu oportunidade para aprender vários instrumentos, como bateria, baixo, e mais violão, e eu também adorava escrever letras e produzir algumas músicas por conta própria. Com 16 anos, fui convidada para participar da banda Affection For You, como baterista. Isso me abriu novos horizontes, tive oportunidade de fazer shows, conhecer mais artistas, entender a importância da arte na vida das pessoas. Passei alguns anos tocando bateria em alguns projetos, mas foi só no ano passado que eu tive coragem de me envolver com o canto e fazer um projeto autoral.
Just Play! - Quais são as suas maiores inspirações na música?
Anis - Me inspiro em vários estilos diferentes. Tem alguns nomes do meio alternativo, como Courtney Barnett, Beach House, Crumb, Slowdive, DIIV, Tame Impala, Samira Winter, e também tem gente do pop, como Lady Gaga, Miley Cyrus, Aurora. Da cena nacional, eu admiro muito a Rita Lee, Céu, Vanessa da Mata, Francisco El Hombre, Terno Rei, Boogarins
Just Play! - Como acontece o seu processo de composição? Você escreve letras baseadas em experiências pessoais ou não tem uma regra muito exata para esse momento?
Anis - Geralmente, o que surge primeiro pra mim são as letras. Algumas vem de maneira espontânea, de acordo com reflexões, ou alguns sentimentos do momento, por isso eu sempre ando com um caderninho por perto ou bloco de notas do celular pra anotar essas ideias. Depois eu elaboro o arranjo e vou juntando as peças, e testando os timbres, até chegar no lugar que eu quero.
Uma curiosidade engraçada é que eu sempre consigo encaixar letra e melodias na minha cabeça enquanto eu lavo a louça.
Just Play! - Durante a quaretena você produziu o EP "Como Vão as Plantas Lá Fora?". Como foi todo esse processo de criação durante um momento tão delicado que estamos vivendo esse ano? O que podemos esperar desse projeto?
Anis - Antes da pandemia eu tinha planos de gravar um EP, juntar alguns músicos e começar a tocar por aí, mas veio a quarentena, e tive que mudar tudo. Durante o isolamento, eu pensei em gravar algumas músicas antigas que eu tinha na gaveta, mas no meio do processo, começaram a surgir novas letras. Esse tempo em casa me fez refletir muito sobre meus sentimentos e angústias. Resolvi colocar tudo pra fora, e quando eu vi, tinha feito 4 músicas novas. A temática do EP casa bastante com o momento do mundo, as letras passeiam na relação Mundo Interno VS Mundo externo, falo sobre a ansiedade, medo, a saudade de ver o mundo, a coragem para passar por esse momento. Quanto à sonoridade, posso dizer que me aventurei na experimentação, tive tempo para criar sons diferentes do que eu já tinha feito, mas claro, sem me afastar muito da essência do projeto.
Just Play! - Você lançou o clipe da música "The Winter Came". Sobre o que fala essa canção e como foi a ideia de gravação do vídeo numa pegada psicodélica com várias luzes e, ao mesmo tempo, intimista?
Anis - Essa música fala sobre a ansiedade e as dificuldades de viver numa pandemia. Eu falo um pouco sobre como essa falta de contato com as outras pessoas, me fez mais “gelada”, mas ao mesmo tempo existe a esperança de que as coisas vão passar e ficarão bem de novo. A ideia do vídeo veio pra complementar o momento de solidão da letra e a sonoridade contrastante da música. Nós gravamos apenas com coisas que já tínhamos em casa, foi bem natural e divertido de fazer. As luzes coloridas representam a esperança, e os efeitos psicodélicos representam a ansiedade e exaustão mental de se estar em isolamento.
Just Play! - Qual é a sua opinião sobre as mulheres na cena musical? Ainda existem barreiras que devem ser quebradas, preconceitos ou você acha que isso está melhorando?
Anis - Muito avanço já foi feito, mas ainda existe muita opressão e invisibilidade. Uma das maiores dificuldades no meio é lidar com assédio, a falta de respeito, a invalidação do nosso trabalho. Hoje nós vemos muitas cantoras e instrumentistas, mas pouco se fala das mulheres no backstage, as produtoras, técnicas, videomakers, etc. Tem muito trabalho incrível por aí que não é valorizado. Nós temos que nos unir e continuar abrindo caminho para melhorar esse cenário. É muito importante conquistar cada vez mais espaço, e incentivar cada vez mais mulheres a se expressarem e entrar no mercado musical.
Conheça o trabalho de Anis Estrelado:
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