A cantora e compositora Antonia Medeiros veio de uma família musical. Filha de pais músicos, ela sempre teve a arte por perto. Ao longo da vida, Antonia fez aulas de flauta, violão, piano, violoncelo, harpa e canto.
Formada em música, mais especificamente em bacharelado em canto, a artista vem se destacando em concursos e festivais de música autoral. Foi uma das 50 semi-finalistas entre 1557 canções inscritas no Festival da Canção 2020 (Festival TOCA - Ano Aldir Blanc), com a composição "Manias e Vias". Também esse ano, Antonia foi uma das 50 selecionadas para o concurso de música autoral Draft Mood, da rádio Mood Fm, com as músicas "Pro Gui" e "Manias e Vias".
Com esse currículo incrível, a talentosa Antonia Medeiros vai representar o quadro "Mulheres na Música" essa semana.
Confira a entrevista:
Just Play! - Como a música entrou na sua vida?
Antonia - Minha mãe é harpista e meu pai contrabaixista, então eu diria que entrou quase que por osmose na barriga de mamãe. Cresci assistindo a concertos e shows dos dois, ouvindo os ensaios na sala de casa e muita música no carro a caminho da escola. Além disso, eu e meus irmãos, na infância e adolescência, sempre fomos muito incentivados a fazer aulas de música no período extraescolar. Eu pipocava sempre de um instrumento para o outro, cheguei a fazer aulas de piano, violão, flauta, violoncelo, harpa (porque será? rs) e canto!
Just Play! - Em que momento você decidiu que queria seguir a carreira musical e como foi esse processo?
Antonia - Além das aulas de música, comecei a fazer aulas de teatro com 11 anos e nunca parei. Estava 100% decidida a cursar faculdade de atuação cênica, quando participei do Festival Vale do Café, (um festival de música que acontece em Vassouras anualmente) em 2013. Participei da turma de canto com a professora Carol McDavit e a experiência foi divisora de águas na minha vida. Depois de uma semana de aulas, tive a absoluta certeza de que queria cursar música na faculdade e seguir a carreira! Comecei a estudar para o THE (teste de habilidade específica) e em 2015 entrei na UNIRIO, para o curso de bacharelado em canto. Depois de quatro anos e meio de muito estudo, me formei em 2019, na classe da professora Carol McDavit, a mesma que me inspirou lá no início da história.
Just Play! - Quais são as suas maiores inspirações na música? Por que?
Antonia - Tenho muitas inspirações musicais! Vou citar algumas: Como cantora, me inspiro demais em Maria Bethânia pelas interpretações tão profundas, Vanessa Moreno pela suavidade e precisão ao cantar, Elis Regina pela potência em TUDO o que faz, Gal Costa pelo timbre e afinação, Juliana Linhares pela presença cênica e inteligência musical e Maíra Martins pela singularidade vocal e interpretativa. Como compositora, me inspiro em Tom Jobim pela riqueza e profundidade sonora, Rita Lee pela maestria de tornar a simplicidade genial, Chico Buarque e Paulo César Pinheiro por suas letras e poemas indescritíveis, Joyce pela sofisticação e Djavan e Gilberto Gil por unirem todas as características que citei.
Just Play! - Há quanto tempo você está na carreira musical?
Antonia - Desde 2015!
Just Play! - Você ganhou o KWC 2020 (campeonato de Karaokê). Como foi essa experiência e todo o processo do concurso? Você esperava ser a vencedora?
Antonia - Experiência indescritível! O KWC foi o primeiro concurso de canto que participei e ter sido campeã foi uma grande HONRA!
O processo foi todo on-line. 3 fases: triagem, semi-final e final. Tínhamos que gravar vídeos cantando pra cada fase. Conforme fui passando, fui ficando cada vez mais entusiasmada e feliz, claro. No final, essa surpresa incrível! Agora, já estamos nos preparativos para produzir os vídeos do concurso mundial! Sou muito grata à equipe do KWC pela oportunidade e aos jurados por terem confiado no meu trabalho.
Just Play! - Normalmente como acontece o processo de criação das suas músicas? Você escreve baseado em experiências pessoais?
Antonia - Sim! Na maioria das vezes, escrevo sobre experiências que estou vivendo/vivi recentemente ou sentimentos aflorados em mim no momento. Por exemplo, no início de 2019 eu estava SUPER apaixonada e devo ter feito umas 10 canções de amor! rs No caso de parcerias, o processo é um pouco diferente. Já fiz música para letras de amigos, já mandei letras para amigos fazerem a música, já fiz música e letra conjuntamente ao vivo, na hora... Aí, acaba sendo um processo mais desligado dessas experiências pessoais específicas. Mas, não deixa de ser menos maravilhoso, muito pelo contrário!
Just Play! - Qual é a sua opinião sobre as mulheres na música?
Você acha que ainda falta ser mais valorizado? Ou que já está sendo conquistado um espaço?
Antonia - Muitas mulheres de gerações anteriores à minha lutaram para conquistar seu espaço na música e, assim, contribuíram para que nós, de gerações posteriores, pudéssemos ter o nosso sem dar de cara com tantos empecilhos no caminho. Então, sim, acho que o espaço vem sendo conquistado. No entanto, ele é um pouco relativo. A música é muito vasta e, por isso, dependendo da área, o grau de ocupação feminina varia muito. Por exemplo, o canto, seja popular ou lírico, é uma área bastante ocupada por mulheres. Temos inúmeras cantoras sensacionais na história da nossa música brasileira que fazem carreiras grandiosas e são devidamente reconhecidas por seu trabalho. No entanto, quando se trata de composição, a história é bem diferente. Proponho sempre uma reflexão, que acho que ajuda a escancarar esse fato. Pense em cinco compositores homens da música brasileira que você admira. Pensou? Agora pense em cinco compositoras mulheres que você admira. E aí? Ouso dizer que você teve muito mais dificuldades, demorou muito mais tempo para pensar nas cinco mulheres, se é que conseguiu. Isso porque cinco é um número SUPER baixo. Ouvimos muito as músicas de Tom Jobim, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Djavan, Tim Maia, Renato Russo, Roberto Carlos, Chico Buarque... Por que também não ouvimos tanto quanto as de Joyce, Dolores Duran, Rosa Passos, Luhli, Lucina, Fátima Guedes, Dona Ivone Lara, Zélia Duncan? Posso garantir que não é por uma questão de qualidade. Iniciativas como a da Just Play! de dar visibilidade às mulheres fazem toda a diferença para que possamos, algum dia, nos aproximar da igualdade nessas áreas musicais onde a disparidade de gênero ainda reina. Obrigada!
Just Play! - Quais são os seus projetos para o futuro na música?
Antonia - Pretendo lançar meu primeiro disco, que será 100% autoral, em breve. Já escolhi o repertório e alguns arranjos já foram feitos, mas ainda não entrei em processo de gravação. Espero poder produzir e lançar o mais rápido possível!
Conheça o trabalho da Antonia Medeiros:
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