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Foto do escritorLudi Villalba

Você já assistiu "Keith Richards: Under The Influence"?


Dirigido por Morgan Neville, o documentário da Netflix “Keith Richards: Under The Influence” fala um pouco sobre um dos maiores ícones da cena do Rock n Roll. Talvez alguns de vocês não tenham visto, então decidi falar sobre o projeto.


Pra inicio de conversa, o filme foge dos padrões cronológicos das biografias que normalmente começam no nascimento e terminam na situação atual da pessoa retratada, passando por momentos especiais seguindo a linha do tempo. Foi bem curioso começar com uma música clássica e um senhor grisalho caminhando descalço em câmera lenta com a voz de Keith filosofando sobre a vida. É bastante interessante a ponto de prender a atenção de quem está assistindo.


O filme de 81 minutos acompanha Keith Richards na gravação do álbum solo, “Crosseyed Heart”, e paralelamente, ele conta histórias sobre suas viagens, turnês e os Rolling Stones. O projeto começa a tomar forma de documentário em Nova Iorque, quando o jornalista começa a fazer perguntas para o músico.


Com cenas atuais, Keith toca antigas canções de blues, conta momentos de sua vida pré-Stones. O músico Tom Waits aparece em diversos momentos, inclusive numa jam junto ao astro do rock. Como o próprio título diz, “Under The Influence”, ou seja, “sobre a influência”, Richards fala sobre suas influências musicais, tema em que o filme se debruça. Nele, o guitarrista demonstra o grande amor pelas inúmeras facetas da música estadunidense, como o blues e o country, e caribenha, com o reggae.

Além disso, ele fala sobre os gostos musicais de sua mãe, a infância numa Inglaterra cinza e triste por conta da Segunda Guerra Mundial, a perda de contato com o pai e como foi “salvo” pelo blues de Muddy Waters. É bonito? Sim, claro que é bonito! Mas é batido.


O documentário também mostra sequências interessantes, como o técnico de guitarra do Keith Richards mostrando os instrumentos mais raros da coleção do artista e cenas de arquivo memoráveis que retratam bastidores da vida dos Stones.


Outro trecho bastante empolgante é quando Richards vai a Chicago e encontra com o bluesman Buddy Guy na sede da gravadora Chess. Guy fala da importância dos Rolling Stones para a popularização do blues pelo mundo e que se emocionou quando a banda de rock inglesa exigiu, num programa de TV nos anos 60, a presença do bluesman Howlin’ Wolf.


Infelizmente o filme é o oposto de Keith Richards: bem comportado e sem polêmicas. O guitarrista passa o documentário todo rindo, não são mencionadas nem um momento as palavras sexo e drogas e o astro é apresentado com uma imagem de “vovô legal”.


Do ponto de vista jornalístico, faltou um pouco de sagacidade, talvez do jornalista, ao fazer as perguntas para o músico. Seria interessante ouvir opiniões de Richards sobre ser considerado um inimigo para a sociedade e herói para os jovens quando tinha vinte e poucos anos, como ele enxergava a contracultura, o que ele achava das batalhas velho vs. novo que aconteciam em 1968.


O documentário virou um certo endeusamento pela figura de Keith Richards e uma forma de divulgação do novo trabalho solo ao invés de mostrar histórias e reflexões do guitarrista sobre alguns assuntos da música. Muitas coisas faladas no filme já são conhecidas pelos grandes fãs da lenda do rock.


Apesar disso, “Keith Richards: Under The Influence” é agradável, dinâmico e contém imagens de arquivo e histórias bastante legais. É um bom documentário não-tradicional para se assistir num domingo à tarde com a família.


Confira o trailer do documentário:


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