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Resenha: "Smile" mostra um lado mais intimista e emotivo de Katy Perry


A carreira de sucesso da Katy Perry nem sempre foi incrível. O último disco da cantora, “Witness”, foi bastante criticado com a tentativa de se reinventar dentro do pop. Depois disso ela passou por uma fase complicada tanto na vida profissional quanto na pessoal.


Os anos se passaram e Katy chegou com novidades numa semana mais do que especial. Um dia depois de dar à luz a primeira filha, Daisy Dove Bloom, na última quinta-feira, 27, a artista lançou o novo álbum de estúdio chamado ‘Smile”, no dia 28.

Uma das grandes características da cantora pop é o uso de roupas coloridas e extravagantes. Neste novo disco, apesar do figurino de palhaço na capa, ela mostra um lado mais intimista e emotiva. É um projeto sem colaborações, com forte influência dos anos 80 e 90.


Apesar dessas mudanças, Katy Perry não conseguiu fugir muito da sua zona de conforto. As músicas continuam com a vibe de pop enlatado, sem faixas marcantes, cheio de clichês seguindo numa espécie de modo automático por anos pela artista.


Acredito que “Never Really Over”, faixa que inicia “Smile”, é o grande destaque do álbum. A música fala sobre saúde mental com uma fórmula de dance pop cativante. Depois dela, a duas outras canções que vem em seguida, “Cry About it Later” e “Teary Eyes”, seguem com a estratégia super positiva de manter as fórmulas do mainstream sem soar tão clichê. O problema são as próximas faixas do disco, onde a cantora abusa de mensagens motivacionais, que ao longo do trabalho se torna redundante, além de ser num momento super delicado que a sociedade está vivendo.


O mundo está numa pandemia desde o início do ano. Pessoas estão morrendo, as crises financeiras estão terríveis, o desemprego está cada vez mais presente na vida da população de um sistema capitalista. Lançar um disco durante esse momento, em que traz uma mensagem de “tudo vai melhorar” é uma boa ideia, inclusive um grande apoio aos fãs da estrela. A questão é quando esse conselho se torna apenas um “ignore e melhore”, virando uma espécie de coach motivacional raso, sem se importar com a realidade -bem distante- que outras pessoas vivem.


“Smile” poderia ser realmente bom, quase que uma redenção depois de “Witness”. Mas a cada música, a impressão que fica é o distanciamento maior da realidade que estamos vivendo atualmente. Se a cantora tivesse usado a fórmula pop tão bem como usou nas primeiras três faixas do disco, poderia ser um álbum muito bom. A impressão que dá é que, apesar das mudanças, Katy Perry se manteve presa à zona de conforto. Talento e criatividade para mudar nós sabemos que ela tem, só falta aquele empurrãozinho para ela voltar a brilhar e, particularmente falando, eu aguardo por este momento ansiosamente.

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