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Foto do escritorLudi Villalba

Entrevista: Tony Boka conta sobre a sua história na música, o projeto Wok POP Jazz e muito mais!


Com mais de 30 anos na música, o carioca Tony Boka teve muitas experiências ao longo desse tempo, além da oportunidade de tocar com vários artistas. Ele mora atualmente em Connectcut, nos Estados Unidos, onde produz os seus projetos solos.


Tony Boka deu uma entrevista para o Just Play! e contou como tudo começou, falou sobre o seu projeto Wok Pop Jazz e muito mais! Confira aqui em baixo!


Just Play! - Gostaria que, antes de tudo, você falasse um pouco sobre a sua história na música.

Tony Boka - A minha história na música foi o seguinte. Antigamente existiam várias lojas de música no Centro do Rio de Janeiro e toda vez que eu passava em frente com a minha mãe, eu ficava chamando ela para entrar. A partir disso, ela começou a atentar que eu gostava. Perto de casa moravam uns caras que tinham uma banda chamada Renato e Seus Blue Caps. Eu pedia pra minha mãe me levar lá. Ficava alucinado com os ensaios e os instrumentos. Quando eu tinha 10 anos, os meus irmãos fizeram uma vaquinha e me deram um violão. Foi aí que eu comecei a tocar. Com 14 anos, eu comecei a trabalhar no Banco do Brasil como menor estagiário. Com o meu primeiro salário, eu comprei uma guitarra Giannini. A partir daí começou a minha história na música.


Just Play! - Você pode falar sobre o estilo e o projeto Wok POP Jazz?

Tony Boka - Eu vim do Pop e do Rock durante muitos anos. Toquei com o Vinny, com o Rogério Skylab, fui um dos fundadores da banda carioca chamada Baseado em Blues. Comecei a estudar bastante guitarra, ir para os acordes dissonantes da Bossa nova e a tocar vários estilos na noite depois dos 20 anos.

O Rock ganha na atitude. Eu toque esse estilo por muitos anos. No meu trabalho instrumental você vê uma influência de Rock e Pop porque faz parte da minha vida. Mas, harmonicamente, o jazz faz a diferença. Muitos jazzistas, como Nelson Faria, Victor Biglione, Alexandre Carvalho, Toninho Albuquerque começaram tocando Rock e depois foram para o Jazz. Existe a galera que já começou no Jazz, mas aí falta a atitude roqueira. Então uma coisa complementa a outra.


Just Play! - Você já está no meio da música há muito tempo e carrega uma bagagem com bastante experiência. O que te levou a fazer esse projeto instrumental?

Tony Boka - Nunca consegui fazer o trabalho Jazz, porque no Rio eu tinha que tocar na noite para ganhar dinheiro. Então não dava tempo de fazer um trabalho instrumental. Quando eu vim para os Estados Unidos, eu pensei: “é agora ou nunca”. Já fazem 5 anos que eu me mudei. Quando eu cheguei aqui, eu estava cansado. Tocava na noite todo dia. Eu vim e fiquei praticamente um ano sem fazer nada, apenas me adaptando. Depois disso eu comecei a fazer alguns trabalhos. Ultimamente eu tenho feito trabalhos solos. Eu ganho mais sozinho do que com banda. Mas eu estou com um show preparado para fazer de quinteto e colocar uns trabalhos ao vivo na internet. Às vezes pra dar um salto maior, não pode só focar no dinheiro.

Quando eu comecei esse projeto, não era nem pra ser uma série. Era pra ser apenas um álbum. Mas depois eu vi que dava pra ter continuidade. Eu toquei uma época com o Rogério Skylab e adorava o fato dele ter trabalhos com volumes 1,2,3, etc. Eu sempre tive vontade de fazer isso, daí surgiu a oportunidade e eu pensei: “é nessa que eu vou”. Eu já estou no número 3 e pretendo continuar porque tá dando certo. Nessa época de pandemia, a galera do mundo todo faz download da sua música. Estou gostando dessa brincadeira de gravar música online. Algo que facilita é o meu estúdio ser aqui em casa.


Just Play! - Como você enxerga o meio musical para a cena instrumental? Você acredita que tem espaço? Ou que seja mais difícil do que com bandas convencionais?

Tony Boka - No Brasil o Jazz não é valorizado. Mas hoje em dia você pode fazer um trabalho em qualquer lugar do mundo e estar online. Eu estou nos Estados Unidos, o meu estúdio é em casa, mas o meu trabalho vai para o mundo. Através dos extratos, a gente analisa onde é mais consumido. No meu caso, a Ásia, Europa e Estados Unidos consomem mais. A minha música tá tocando numa rádio da Inglaterra, por exemplo. Se você fizer um show legal aqui num Jazz club dificilmente vai estar vazio. A galera que frequenta esses espaços vai independente de quem está tocando.

O que eu observo é que no Brasil o pessoal não se interessa muito. Tanto aí como em muitas partes do mundo não consomem a arte do artista. Consomem a fama do artista. Por exemplo, eu estou aqui fazendo o meu projeto WoK POP Jazz. Se viralizar, eu vou conseguir muitos fãs, inclusive no Brasil, mas não vai ser em função do meu trabalho. O meu trabalho sempre foi esse. Mas vai ser pelo nome e, consequentemente, vai criar um interesse de saber quem eu sou.


Just Play! - Em um momento que a era digital está dominando, você acredita que seja positivo para expor o seu trabalho? Caso contrário, o que você acha de mais desafiador nesse momento digital?

Tony Boka - Na era digital é desafiador, porque você tem que provar que é bom. Ao mesmo tempo permite que todo mundo possa publicar o seu trabalho. Antigamente ou você era contratado por uma gravadora ou tinha muito dinheiro para bancar um disco independente e colocar a música “na praça”. Acho válido todo mundo poder ter espaço para disponibilizar a sua arte. Por exemplo, o meu projeto você pode pegar de graça se quiser. Mas na Europa, Estados Unidos, Japão, as pessoas gostam de valorizar o músico.

Sempre vai ter espaço para qualquer estilo e tipo de música. Sempre vão ter fãs, gente que vai gostar do seu trabalho. Inclusive os fãs vão mudando. Antigamente eu gostava de Rock e Pop, mas eu não gostava do Roberto Carlos. Hoje eu gosto de Roberto Carlos, Fábio Júnior. Então a pessoa vai ficando mais velha e vai mudando o fã clube. O que acontece é que tem uns estilos que vão rodando. Teve o auge do Rock nos anos 80, depois eu passei por lambada, reggae. No final dos anos 80 pra 90, a música instrumental no Brasil era algo fino, os espaços eram lotados.


Just Play! - No momento atual o mundo está de cabeça para baixo com a pandemia. Os artistas foram afetados, já que não estão tendo apresentações. Durante esse momento delicado, na sua opinião, qual deve ser o objetivo do músico? Se reinventar, criar novos projetos, aprimorar?

Tony Boka - O mundo daqui pra frente é online. A pandemia só serviu para acelerar essa realidade. Os trabalhos foram cancelados na pandemia, mas eu já estava fazendo os meus projetos online. Acabei tendo mais tempo para produzir as músicas autorais em casa. Aqui eu trabalho no tempo do meu prazer. 500 horas em casa pra 5 músicas. Se você gravou várias coisas num dia e não gostou, grava de novo. No estúdio isso não acontece, porque é muito caro o tempo lá dentro.


Just Play! - Como você define o Tony Boka artista?

Tony Boka - No início eu só tocava Rock. Depois fui pra Bossa Nova, Samba, Reggae. Toquei em banda de Blues, com o Vinny, Rogério Skylab. Com 30 anos que eu resolvi estudar o Jazz. Estudei com o Vitor Biglione, Toninho Albuquerque, Juan Pablo e tive uma aula com o Nelson Faria. Dos 30 anos pra cá que eu saí do universo do Rock. Antes disso, eu tocava MPB e Bossa Nova na decoreba. Harmonia funcional, improvisação foi depois dos 30. Quem sou eu? Eu sou uma mistura disso tudo. Tudo valeu a pena. Eu tocava todos os dias. Teve um ano que eu fiz mais de 365 shows. Tive dias de folga, mas tinham dias que eu fazia de 2 a 3 shows. Eu sempre soube quem eu era. Mas hoje em dia eu tenho uma consciência maior. Quando você tá no olho do furacão, você não liga muito para os seus gostos. O foco maior é tocar e ganhar dinheiro. É claro que você vai tocar com o coração, só que pensando na grana no bolso.

Apesar de toda essa loucura, por incrível que pareça, quando eu cheguei nos Estados Unidos, eu desacelerei e senti falta dessa loucura toda. Mas agora está sendo o momento de focar nos meus projetos solos.


Escute a música "Wok New York", do projeto Wok POP Jazz:

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