O famoso baixo Höfner, apelidado carinhosamente de “Beatles Bass” e “Bass Cavern”, ficou muito conhecido quando ninguém mais ninguém menos que Paul McCartney começou a usar o instrumento e virou uma grande característica do artista, que é marca registrada até hoje.
Mas você sabe a história da marca Höfner? Sabe como tudo começou? Então deixa eu te contar...
Karl Höfner era um fabricante de instrumentos musicais alemão. Ele começou sua carreira como luthier de violinos, na cidade de Schönbach, na Alemanha, que era um dos lugares onde se concentrava a produção de instrumentos de cordas pela Europa Central.
A empresa Höfner foi fundada por Karl em 1887 e rapidamente ele se tornou o maior fabricante de instrumentos de cordas do país.
Depois da Primeira Guerra Mundial, Karl expandiu seu negócio para a fabricação de violas, violoncelos e contrabaixos, começando mais tarde a fabricar também violões e guitarras. Os primeiros modelos de guitarras eram amarrados em aço com as partes superiores e traseiras arqueadas, conhecidas como “Schlaggitarren”, precursores da moderna guitarra archtop.
Seus filhos Joseph e Walter entraram na empresa em 1920 e espalharam a reputação da marca para o mundo, principalmente na questão de exportação. Dessa forma, a Höfner ficou conhecida não só na Europa, mas no mundo inteiro como fabricantes de instrumentos de qualidade.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a empresa produziu caixas de madeiras e solas de botas, já que nessa época a exportação de mercadorias foi restringida significamente. Em 1948, logo após a guerra, eles tiveram que se mudar para Möhrendorf, na Baviera, pois Schönbach tornou-se parte da República Tcheca.
Em 1950 eles fundaram uma nova fábrica em Bubenreuth, já que Möhrendorf não tinha as melhores condições para se manter uma fábrica. Aos poucos, a empresa começou a recuperar a sua reputação e exportação para o mundo todo. Nesta década, por influência do surgimento do Rock n Roll, a demanda por guitarras fez aumentar a produção e exportação mundial, impulsionando a criação de novos modelos de instrumentos. Com a alta demanda, a produção de guitarras chegou a representar mais de 50% da rotatividade geral da empresa Höfner. Entre 1953 e 1960, a empresa foi ampliada três vezes. O fundador, Karl Höfner, viveu para ver o renascimento da empresa, mas faleceu em 1955.
No início dos anos 60, a marca se expandiu diversas vezes e, com o grande sucesso e procura pelas guitarras, a Höfner começou a produzir, além das guitarras archtop, as semi-acústicas, sólidas e uma variedade de guitarras baixas.
Em 1961, um jovem entrou em uma loja de música em Hamburgo e comprou um contrabaixo Höfner 500/1. Pouco tempo depois, ele e sua banda mudaram o mundo da música e da cultura jovem e transformaram a Höfner seu modelo icônico de guitarra. O jovem era o incrível Paul McCartney, baixista dos Beatles. Paul era canhoto e se sentia intimidado ao tocar os instrumentos de cabeça para baixo, já que, para ele, a imagem soava estranha quando estava nos palcos. Isso não era um problema para o instrumento Höfner, pois tinha a forma assimétrica do contrabaixo e, dessa forma, não pareceria como algo diferente quando fosse fazer apresentações.
O uso contínuo de um violino baixo pelo músico por mais de 50 anos garantiu que esse modelo se tornasse uma das guitarras mais facilmente reconhecidas no mundo e desde então, está em produção constante na empresa.
O som deste contrabaixo é muito diferente de outros modelos e marcas disponíveis no mercado. Suas características são um som gordo, seco, quente e profundo, emulando o som acústico de um contrabaixo com uma ótima resposta dinâmica. Esses recursos correspondem ao som de um baixo de escala curta com formato clássico.
Com o fato do baixo não ser muito grande, ele se torna extremamente confortável devido à proximidade das cordas, tamanho dos trastes e comprimento do braço. Além disso, por ser leve, facilita os músicos a ficarem várias horas tocando o instrumento.
Em 1964, mais uma fábrica foi construída em Hagenau, cerca de 5km de Bubenreuth. Este espaço foi utilizado para a maquiagem das peças de madeira que eram montadas em Bubenreuth. O local foi ampliado duas vezes durante a década de 1970. A filha de Walter Höfner, neta de Karl Höfner, Gerthilde Benker, começou a trabalhar na empresa em meados dos anos 50 na área da gestão. Seu marido, Christian Benker, entrou para a empresa em 1963. Josef e Walter se aposentaram em 1970 e, dessa forma, Gerthilde e Christian assumiram os negócios durante os anos 70 e 80.
Durante esses anos, a Höfner encarou momentos difíceis à medida que a concorrência do Japão e da China aumentou, principalmente para instrumentos de cordas para os estudantes, a pressão de produtos de baixo custo do Extremo Oriente era muito grande.
Em 1994, a Höfner passou a fazer parte da empresa de música britânica Boosey & Hawkes, onde foi capaz de se expandir, mesmo este não sendo um período feliz para a marca. Depois de muitos anos, em 1997, a empresa fechou a fábrica de Bubenreuth e transferiu toda a fábrica para Hagenau, que foi ampliada e modernizada.
Depois de uma quase falência em 2003, a editora Boosey & Hawkes vendeu a sua divisão de instrumentos musicais, incluindo a marca Höfner, para um consórcio de investimentos britânico chamado The Music Group.
Em dezembro de 2004, o The Music Group vendeu a companhia para Klaus Schöller, que foi o gerente geral da Höfner por muitos anos, junto com a sua esposa Ulrike Schrimpff, que era diretora financeira da marca desde 1995. Klaus Schöller e a esposa permanecem como proprietários do negócio até hoje.
Nos anos seguintes à aquisição pela gerência, a Höfner investiu mais nas instalações de fabricação no exterior. A filial em Pequim é 100% Höfner e recebeu todas as licenças necessárias pelas autoridades chinesas, incluindo uma licença de exportação de grau A. Hoje, em Pequim, são produzidos instrumentos de nível estudantil, enquanto os instrumentos de preço médio e master-master ainda são fabricados em Hagenau.
Atualmente a empresa está focada na linha Green Line, ou seja, instrumentos que utilizam tonewoods nativos e acabamentos ambientais. Apesar das inúmeras mudanças ao longo de 130 anos, a Höfner ainda é fortemente familiar com fortes valores para clientes, qualidade e equipe.
Incrível, né? Você já teve a oportunidade de ver algum instrumento Höfner de perto? O que achou?
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