Hoje fazem exatamente 48 anos do icônico álbum The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars de David Bowie. Este foi o quinto disco lançado pelo artista britânico.
Gravado no Trident Studios, em Londres, entre 9 de setembro de 1971 e 18 de janeiro de 1972, The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars chegou às lojas no dia 6 de junho de 1972. A banda era composta por Mick Ronson na guitarra, Trevor Bolder no baixo e Mick Woodmansey na bateria. Ronson foi considerado fundamental para o som do disco, devido a sua técnica, sendo considerado um dos melhores guitarristas da história do Rock. Pode-se dizer que ele foi a decisão mais certa para este trabalho e até mesmo para a carreira de Bowie, já que os dois formaram uma parceria fenomenal, comparada muitas vezes com Mick Jagger e Keith Richards ou Axl Rose e Slash.
The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars não foi (e ainda é) apenas um álbum de sucesso, mas uma peça de teatro que caracterizou o famoso glamour rock: bissexualidade, atitude, temas polêmicos, visual andrógino e forte interação com o público.
Logo após a virada para a década de 1970, Bowie, que já vinha construindo um admirável início de carreira com quatro discos de estúdio e explorando temas que iam do frenesi da cultura Pop da época à polêmica, foi capaz de se reinventar.
O álbum conta a história do alter ego de Bowie, Ziggy Stardust, um rock star que age como um mensageiro de seres extraterrestres. Bowie criou Ziggy Stardust em Nova York, enquanto promovia Hunky Dory, e interpretou-o numa turnê por Reino Unido, Japão e América do Norte.
Ziggy Stardust era um marciano rockstar que é enviado até a Terra para transformar a mente dos seres humanos. Com a maquiagem que caracterizou Alice Cooper alguns anos antes, o visual feminino e o cabelo repicado e tingido de laranja avermelhado, Bowie deixou sua fase hippie, onde usava cabelos longos e composições típicas da década anterior. Ziggy assumiu a missão de transmitir à Terra uma mensagem de paz e amor. Porém, durante a história contada ao longo das músicas no disco, ele torna-se um roqueiro e se perde em meio ao consumo de drogas e álcool, além de uma vida desregrada em todos os sentidos e especialmente promíscua.
Pode-se dizer que Ziggy Stardust representava o rock star definitivo: sexualmente promíscuo, selvagem no uso de drogas, porém portador de uma mensagem muito importante para a sociedade que é sobre paz e amor. Mas ele é destruído pelos consumos que faz e pelos fãs que inspirou.
A partir do dia 06 de junho de 1972, não existia mais o homem David Bowie, nem os homens Woodmansey, Bolder e Ronson. A partir daquela data, o mundo passou a conhecer Ziggy Stardust and The Spiders From Mars. Nas ruas, entrevistas e shows, Ziggy era um ser andrógino que trazia uma mensagem para os humanos. Um Homem das estrelas, bissexual, que tocava guitarra com a mão esquerda e consumia drogas como água, e era assim, com exceção da mão esquerda, que Bowie agia no seu dia-a-dia.
O álbum e seu personagem ficaram conhecidos pelas influências no glam rock e pelos seus temas, que tratavam de exploração sexual e de visão de vida. Essas características, junto das ambiguidades que cercavam a sexualidade de Bowie, e confirmados pela performance inovadora de "Star Man" no Top of the Pops, levaram o álbum a ter um caráter controverso e a ser considerado uma obra genial.
Musicalmente, o disco marcou uma diferença do rock que predominava no final dos anos 1960 e no começo dos anos 1970, com grandes desenvolvimentos e solos de guitarra, recebendo em troca influências de outros grupos que Bowie admirava, como T. Rex, The Stooges e The Velvet Underground. O som da guitarra de Mick Ronson acrescentava dinamismo. Na parte vocal, Bowie deu todo o seu ar dramático, tomando como referência as canções de Jacques Brel Foi trabalho de sucesso que alcançou a quinta posição nas paradas do Reino Unido e o n°75 na Billboard Music Charts, dos Estados Unidos, além de ser considerado o 35º maior disco de todos os tempos pela revista Rolling Stone.
The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars apresenta dez composições de Bowie, que se uniram para construir um dos melhores álbuns da época. Dentre essas músicas, está o clássico “Starman” que é o momento em que Ziggy estoura nas rádios e TVs do mundo com uma mensagem de paz, defendo a liberdade das crianças se divertirem e querendo salvar a mente da humanidade. Clássico dos clássicos, é um pop sessentista, com efeitos de sintetizadores e com as cordas aparecendo forte, que traz uma forte lembrança das primeiras composições de Bowie. Talvez pode-se afirmar que traz uma analogia entre o sucesso que Ziggy estava tendo com o sucesso que Bowie pensava poder ter tido no passado.
Mas, acredite ou não, por pouco não conhecemos esse hit! “Starman” foi a última canção a entrar no disco. Bowie disse que lembrava muito seu passado e não gostou da versão final da mesma. Insinuou, inclusive, que a letra não encaixava direito com o que estava sendo proposto. Porém, a insistência de Dennis Katz, funcionário da RCA, gravadora de Bowie na época, que achou a música muito boa e viu na mesma um single de sucesso, acabou resultando na quarta faixa do lado A. Ainda bem que o cantor ouviu o conselho de Dennis!
A criação genial desse personagem junto com 10 faixas que contavam toda uma história resultou numa icônica obra-prima do Rock. Ziggy Stardust se suicidou no palco, no dia 03 de julho de 1973, o dia em que o Glam Rock acabou. A partir de então, nascia Alladin Sane, um novo personagem, resquício do Glam Rock, mas sem o mesmo sucesso, e depois, viriam Diamond Dog, The Thin White Duck, Pierrot the Clown e diversos outros personagens que fizeram a imprensa apelidar Bowie de Camaleão do Rock.
Anos depois do lançamento de The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars, Bowie revelou que tudo não passou de uma grande jogada de marketing. Ele detestava o Glam Rock, apesar de ser muito amigo de Bolan e de Lou Reed, não se sentia bem como Ziggy, acreditava que o comportamento com drogas era desumano e tão pouco ele era bissexual. Na época, o cantor ficou tão obcecado pelo projeto que ele realmente se sentia um Messias, principalmente durante a primeira parte da turnê de promoção do disco pelos Estados Unidos, no qual os fãs agarravam Bowie e tratavam ele como Deus. Inclusive, Bowie, em 1972, dizia: “Não me chame de Bowie, me chame de Ziggy, eu sou Ziggy“.
De longe este é um dos meus discos favoritos de David Bowie. E você? O que achou deste sucesso dos anos 70?
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